domingo, 15 de janeiro de 2012

A criança


- Está chegando o momento do meu descanso minha querida, e o seu também, agora você ira dormir ao dia, e caçar a noite. – Disse finalizando com uma gargalhada satisfeita.

- Estou sentindo muitas dores Dagrian. – Disse se contorcendo, ficando minúscula no sofá.

- É comum, logo vai passar, deve estar com fome não é? Teve sorte, não esperava por você, nem ao menos imaginara que iria abraçar alguém, e mais uma garota tão linda como você hoje. Mais como disse, você teve sorte, tenho um lanchinho para ti. – Disse com um sorriso malicioso.

- Lanchinho? – Já sabia o que lhe aguardava, e por alguns instantes esqueceu da dor e por mais que repelisse o fato de ter que tomar o sangue de alguém, em sua mente parecia ter disparado um alarme, e por mais que tivesse repulsa pelo sangue, um instinto muito mais forte dentro dela, pedia, estava fraca, o sangue de Dagrian não fora suficiente para saciá-la.

    Ela passou os braços em volta do ombro largo do vampiro, caminhando com dificuldade chegaram a um longo corredor cheio de quadros apagados pelo tempo, mais com molduras reluzentes como que tivessem sido limpos naquele exato instante. Carpete cor de vinho, e um papel de parede desgastado mais que ainda conservava um pouco de sua beleza original.

      Uma única porta ao fim do corredor chegou ao seu encontro, uma maçaneta em forma de uma cobra enrolada. Ele a deu passagem e ela girou a maçaneta, um estalido, e um rangido da porta, o quarto estava absorvido por escuridão, então Dagrian entrou na frente.


- Me desculpe minha querida, cortaram nossa luz! – Disse rindo-se em tom de brincadeira. -É isso mesmo... Tive um problema com meu último testa de ferro que também era meu advogado, para minha infelicidade, tive que mata-lo, sabe como é, as pessoas falam demais... Bem, mais vamos deixar esse assunto pra lá um instante. Entre, entre minha criança, não fique tão receosa.

       Ela observava o lugar, ainda se acostumando a escuridão que o tomava, não era um quarto, era na verdade um sótão, ele a levava pela mão ate o fim da escada, um lugar amplo, com muitas caixas e coisas entulhadas, mais enquanto o corredor estava cirurgicamente limpo, ali reinava a imundice, um cheiro estranho tomava o local, uma mistura de sangue e umidade e com ela vinha o mofo, a poeira e um cheiro horrendo que para Maya parecia algo em alto grau de estado de decomposição.

       Então Maya viu de relance uma silhueta de alguém pequeno, comprimido contra a parede, ela estava assustada com aquele lugar, com sua nova situação. Mais algo dentro dela havia mudado, sabia que precisava se alimentar, e o alimento estava ali, tão fácil, por que não?

       Chegaram mais perto, ela olhou pra Dagrian, e ele a encorajou, ela se posicionou na frente do garotinho que estava contra uma caixa enorme, ele estava amordaçado e com mãos e pés presos, sentado. – Maya reparou que havia muitas outras correntes que vinham desde o teto, e outras espalhadas pelo chão sujo, algumas com pedaços de roupas, sangue e algo que Maya achou que um dia foi carne, talvez carne humana.

- Dagrian o liberte. – Disse, com pena daquela pequena criatura, que tinha o horror estampado na face e os olhos cheios de lagrimas.

- Mais Maya, ele gritara, correra de você se o soltar. Será mais fácil para você com ele amarrado.

- Por favor Dagrian.

     Ele receou por alguns segundos, mais se aproximou e o desamarrou, e ele continuou na mesma posição, ela tocou no braço da criança, e ele a olhou assustado.

- Você esta bem?

- S... sim. – Com receio, mas um pouco menos aterrorizado.

- Eu irei tomar um pouco do seu sangue, pois preciso me alimentar, mas você não está mais em perigo, não irei mata-lo e...

     Dagrian fez menção em falar, mais ela sem tirar os olhos dos do garoto apontou o dedo para Dagrian e pediu silêncio, que mesmo contrariado, se calou.

- Pode confiar em mim, ok? Irei solta-lo próximo a um hospital e você não sentirá ou sofrerá nada mais que uma pequena fraqueza, não se preocupe, não irei mata-lo. Escute bem, você não poderá falar o que aconteceu aqui para ninguém, entende o que eu digo? E de toda maneira ninguém iria acreditar em você, iriam achar que você é louco. Esta entendendo?

- Sim. – Disse o menino com uma repentina segurança em sua voz.

      Dagrian que a pouco parecia espantado, deu um sorriso malicioso para Maya. Ele acabara de saber que ela havia adquirido a disciplina da Presença, e com uma razoável força.

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