segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Noite Tempestuosa por Dagrian Dedlle



- Dagrian, há uma moça na porta e está querendo falar com você.

- Uma moça, Katherine?

- Uma mortal.

- Ora, ora... Vou colocar o roupão, e tentar parecer o mais ‘vivo’ possível, não iria querer assustar uma caça, quero dizer uma moça que veio ate mim de tão bom grado não?

- Peço para meu André abrir?

- É claro! Agora mesmo! A pobre está na chuva, deve estar com frio...

- Claro, já estou indo. – Vendo de relance a novidade fazer brilhar os olhos daquele velho vampiro, tão inerte em sua vingança, e ficou contente por algo lhe entusiasmar, nem que seja por poucos minutos, porque, é claro, aquela pobre moça não ia durar muito nas mãos do doce, mas cruel Dagrian Dedlee.

- E peça para leva-la ate á sala.

- Como quiser. – Dando um risinho abafado.


Ele a fitou, seus olhos percorreram a garota, não parecia ter mais de vinte anos, encharcada, os cabelos pingando no carpete, uma garota bonita, a roupa colada no corpo mostrava os contornos do seu belo corpo, ela tremia compulsivamente de frio, mais ele mal reparou, estava encantado com os olhos dela, belos olhos verdes, quase hipnotizantes.

- Boa noite minha jovem, sente-se por favor, o que lhe traz ao meu humilde lar?

- Vim à procura de respostas.

- Qual seu nome querida?

- Meu nome é Maya e vi o que você fez com a moça na boate. – Disse, sem o menor rodeio.

Os olhos meigos de Dagrian sumiram, e sua face foi tomada por uma compreensão indesejada.

- Ah, então é isso? O que você é minha jovem?

- O que eu sou? Eu não estou... – Maya ficou confusa, mas Dagrian atropelou suas palavras, impaciente.

- O que você é? Uma repórter? Uma policial? Mais lhe digo minha cara, em toda minha não-vida já vi milhares de garotas como você chegar aqui, com uma determinação inabalável, mais ela não dura nem dois minutos nessa casa, e se você for um pouco esperta vai sair daqui antes dos dois minutos se completarem. Para seu próprio bem.

Ele mostrou os caninos e não parecia mais vivo, uma visão horrível, quase insuportável. Ela o observou por um instante, se encostou na poltrona de veludo roxo, amedrontada, mas não cedeu ao medo e olhou profundamente nos olhos de Dagrian.

- Minha determinação não é inabalável, é melhor que isso! E não tenho medo de você, então pode parar de fazer careta.

Ela parecia realmente determinada, e se ainda tivesse sangue correndo nas veias de Dagrian, ele teria ficado vermelho. Um grande vinco se formou em sua testa, os caninos foram guardados, sobrando apenas uma expressão confusa e indignada no seu rosto.

- Quem é você mocinha? O que quer aqui afinal? – Disse irritado, pensando que podia estraçalha-la em menos de 5 segundos, mais pensou melhor, aquela menina o intrigava, e desde muito tempo, não se sentia tão “vivo” e surpreso com quem quer que fosse, uma euforia percorreu seu intimo.
- Eu sou Maya, Maya Corsella.

Dagrian olhou para Maya como se não acreditasse em que ouvia, ficou feliz por ter se controlado, não estava mais intrigado estava em choque.



- Corsella? – Pigarreou, com a palavra tão entredentes que saiu quase inteligível.

- Sim, vim aqui porque soube que você conheceu minha mãe. Helena.

- Voc... Você é a filha de Lena? – Uma dor súbita e pungente o atingiu com uma força tremenda, não podia ser verdade, ele devia ter a reconhecido, sim agora ele via, o nariz, a boca, os seios, as mãos, os olhos, sim, os olhos principalmente, não podia ser, mas era verdade, a filha de Helena sentada naquela sala, sentada na sua cadeira predileta, pingando, tremendo e com certeza já não era mais a menina que ele vira outrora.

- Vejo que a conheceu sim, a chama pelo apelido. Sim, sou filha dela, a filha a quem ela abandonou aos 12 anos de idade sozinha e a própria sorte. – O tom de amargura tomou um peso maior a sua voz no final da frase.

Dagrian já levantara da poltrona defronte da de Maya, e agora andava de um lado para o outro da sala, atordoado. De repente parou perto da janela com um olhar vago e falou:

- Sim, eu conheci Helena. Mais que isso... – Disse agora olhando pra moça que tremia de frio em sua poltrona. – Eu a amava e vivemos como marido e mulher, ou mais ou menos isso.

A surpresa que Dagrian esperava não apareceu no rosto de Maya.

- Eu imaginei que ela teria ido embora com alguém. E quando descobri que você era um ser da noite, entendi porque ela não quis me levar, o perigo que ela se referia no bilhete.

- Ser da noite... Essa eu nunca tinha escutado! – Disse em um sorriso bobo, sua mente ainda estava vacilando entre encantado e perturbado em relação à Maya.

- O que sabe sobre a minha mãe? Pela forma que você fala, ela não esta mais com você. Sabe onde ela está?

Ele encarava o chão, temia essas perguntas. Temeu sete anos afio, lutou sete anos afio, procurou e se desesperou, sete anos afio... Tudo por causa daquela mulher.

- Minha querida – Disse em uma voz engasgada pela angustia. – Helena esta morta.

Uma lagrima escorreu dos olhos de Maya, que ainda encarava Dagrian, e acompanhada desta veio outras, e em segundos o rosto de Maya estava encharcado.

Dagrian ofereceu seu lenço e ela aceitou, e ele começara a perceber que aquela seria uma longa noite...

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